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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O que é Ser professor?


Ontem acordei pensando ser professor... Meu coração soluçava a agonia de acordar de uma realidade tão viva. Então me pus a refletir no Ser professor. Se todos sonham com coisas grandes, se todos almejam elevadas concretizações, o que levaria alguém a cogitar ser professor? Foi aí que me vi diante de outra indagação ainda maior: como nasce um professor?
Vejam as estrelas com que áurea cintilam no manto negro do céu todas as noites sem nuvens! Dizem algo elas? Choram esparsas atrás das nebulosas barreiras? Não! Entregam-se à missão de carregarem pelo crepúsculo alguma vida, algum brilho... E é nesse caminhar que encontram nos doces olhos humanos um outro céu que domar... Estrelas brilham! Mas se vão em todo amanhecer... Que ironia! Quando a bonança se vai, quando a carência é a essência do próprio ser, assim como as lágrimas já douram um coração aflito, ou os olhos luz alguma pode ver, é que o Ser professor surge no horizonte tilintando de incandescência... Então aquelas pupilas dilatadas se contraem pela eferverscência de sua luz...
Estrelas... vêm não sei de onde vão-se para além dos montes... Caminham, e levam sobre seu rastro embalados sonhos, aspirações mil, enleios tantos... Até o fim, princípio de vida nova, de um nascer outro, maior luz, pés soltos, caminho traçado - é o Sol nascendo pra quem viveu nas trevas... Por visto da aurora a estrelinha que tanto brilhou silencia-se pra nascer amanhã em outros olhos... Os professores, como as estrelas, se vão, mas seu brilho em muitos olhos nunca morre!
Como nasce um professor? É algo pronto? É predestinação? Dádiva? Eu diria... DESCOBERTA! Entre tantos sonhos, desejos, conquista de universos, uma escolha: a conquista única de um ser... Entrega-se ao tento de fazer valer sua vida na vida de outrem, desconhecido, ingrato até... Entrega-se! Não espera, prospera! Não se cansa, avança! E no deserto existencial de outra vida planta a germinadora essência de saber viver! Um professor é antes de tudo uma entidade ambulante de fé! É uma legião de outras vidas em si, em doação... Dá sem pedir, morre para que outros vivam, empobrece a si mesmo para que muitos se enriqueçam...
Ser professor é possessão! Não nasceu de uma carga genética, ou anseio familiar... nasceu em si mesmo... do nada, do tudo, em tudo, por tudo! Descobriu-se! Da aridez achou por bem fruir vivas águas a todo sedento... A profissão pode ser até ingrata, mas não falha! Como lápis se inscreve nas linhas de outros, para que por eles vivam além, para além, sem cobrar pelo que dão, sem cobrir o que são... Ser professor... assim num SER verbo infinitivo, assim num PROFESSOR infinito...
Hoje acordei professor, meu coração soluça esse anseio de ser meu sonho realidade... SOU professor! E a essa descoberta não se atém medo algum... A noite é curta para o dia que vem amanhã... Brilhem, meus queridos companheiros de missão! Logo vem o dia em que vós não podereis mais... EXISTIR, por si!
Wallisson Sudaro (15/10/12)

domingo, 7 de outubro de 2012

Pensamentos que marcam (#10)


Rios sem discurso



Quando um rio corta, corta-se de vez
O discurso-rio de água que ele fazia;
cortado, a água quebra-se em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço, a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele discorria.

O curso de um rio, seu discurso-rio.
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando, de um para outro poço,
em frases curtas, então frase a frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a sede ele combate.

João Cabral de Melo Neto

Tecendo a Manhã


    1. 
    Um galo sozinho não tece uma manhã: 
    ele precisará sempre de outros galos.
    De um que apanhe esse grito que ele 
    e o lance a outro; de um outro galo 
    que apanhe o grito de um galo antes 
    e o lance a outro; e de outros galos 
    que com muitos outros galos se cruzem 
    os fios de sol de seus gritos de galo, 
    para que a manhã, desde uma teia tênue, 
    se vá tecendo, entre todos os galos.
    2. 
    E se encorpando em tela, entre todos, 
    se erguendo tenda, onde entrem todos, 
    se entretendendo para todos, no toldo 
    (a manhã) que plana livre de armação.
    A manhã, toldo de um tecido tão aéreo 
    que, tecido, se eleva por si: luz balão.

    João Cabral de Melo Neto
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