Peço licença como autor deste blog e amante da poesia que chora versos escondidos, para vos propor que neste mês estendamos homenagens a esta poetisa de sangue e alma: Florbela D'alma da Conceição Espanca.
Embora tenha morrido cedo (aos 36 por suicídio) e não ter tido o reconhecimento devido em vida, Florbela tem uma obra seguramente madura. Era a voz da mulher que veio ao mundo pra amar e não foi no mundo amada. A poetisa tem sua vida então devotada ao sentimento da incompletude amorosa, da tristeza de não ser compreendida ou encontrada... Nasceu no dia 8 de dezembro de 1894 e no mesmo dia 8 de dezembro, agora de 1930, beijou, como mesmo disse, "a terra alentejana a que entranhadamente" queria.
A seis dias do suicídio suas últimas palavras foram: "e não haver gestos novos nem palavras novas!". Como quem já houvesse em três décadas vivido toda a dor existencial humana Florbela expirou. Poderíamos dedicar um trabalho todo em pauta de sua vida e obra, porém aqui nos deteremos em apresentar durante o mês de junho que corre a minha particular seleção dos melhores poemas da autora, não diminuindo nenhum outro, por ser impossível, mas para finalmente devotarmo-lhe a compreensão.
Finalizamos este editorial com uma abertura digna de Florbela Espanca:

"O olhar dum bicho comove-me mais profundamente que um olhar humano. Há lá dentro uma alma que quer falar e não pode, princesa encantada por qualquer fada má. Num grande esforço de compreensão, debruço-me, mergulho nos olhos do meu cão: tu que queres? E os olhos respondem-me e eu não entendo... Ah, ter quatro patas e compreender a súplica humilde, a angustiosa ansiedade daquele olhar! Afinal... de que tendes vós orgulho, ó gentes?"
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